Agora é para sempre
Uma garota adolescente, com uma perspectiva de vida grande ainda pela frente e se depara com câncer, após tratamento não há sucesso, então a mesma decide viver o que ainda lhe resta e lista algumas coisas que quer fazer antes de partir.
O enfrentamento da morte é algo pesado para se viver em algumas fases da vida, para uns é mais fácil, pois se encontram no final da vida, para outros não existe o entendimento como nas crianças pequenas, o irmão de Tessa é um menino que me emocionou na primeira cena por conta de sua ingenuidade. Ele fala sobre a morte da irmã com a maior naturalidade e sempre com a inocência de uma criança que não sabe que pode magoar alguém. Ele é a peça chave, entre o comportamento da mãe e do pai de Tessa em relação a sua doença. Por mais dura que seja, em sua primeira cena ele já me passou uma verdade imensa capaz de tocar o coração de qualquer um. Mas na adolescência esse enfrentamento vem carregado de muitos sonhos a serem realizados, de muitas expectativas pela vida que o espera.
“Momentos. Nossa vida é uma série de momentos. Cada um uma viagem para o fim… desapegue. Desapegue-se de tudo!” essa frase veio depois de vivenciar o sofrimento, o sofrer faz amadurecer mesmo que a força. O abandono do tratamento em primeiro momento parece ser algo da rebeldia, mas vai além, pois é uma liberdade sobre o corpo daqueles que já sabem que a morte é seu fim. Eu sei que filmes e livros de câncer geralmente são bem clichês, sempre contam estórias de pessoas que tem que lutar contra o câncer, que são guerreiras até o último instante, e sempre levam os espectadores a lágrimas, mas Tessa foi na contramão do que dita o “certo”, pois para ela viver era o certo. Outra coisa que gostei é que o câncer não rege a vida de Tessa, mesmo que ela tenha uma lista, ela quer fazer as coisas não só porque está morrendo, mas porque quer viver.
O adoecimento pelo câncer é considerado uma situação estressante, que apresenta sintomas que envolvem irritação, medo, sudorese, dor de cabeça, mal-estar gastrointestinal, náuseas, tonturas e, ainda, sintomas psíquicos que se manifestam quando o sujeito enfrenta uma situação que no momento lhe parece insolúvel. O processo de adoecer na quase totalidade dos casos traz em seu bojo uma configuração de total falta de sentido para o próprio significado existencial do paciente. Um diagnóstico de câncer traz aspectos que transcendem a própria patologia, criando sobre sua ocorrência, fatores mitificados que acabam se tornando realidade pela configuração que é dada. O adolescente imagina a evolução, a cura, as quais são construções de seu imaginário.
O conceito de coping parece ter hoje uma definição importante para pensar o enfrentamento do estresse nas diferentes situações pelas quais o indivíduo passa. Utilizar estratégias de coping auxilia a buscar o ajustamento positivo diante do estressor, é uma resposta envolvendo uma reação emocional ou comportamental espontânea, orientada para a redução do estresse. A disponibilidade de recursos afeta a avaliação do evento ou situação, os quais envolvem as características da pessoa, as características do estressor e as características do contexto, todos interligados. O estresse é a relação que se estabelece entre as situações ou acontecimentos perturbadores e as reações (sentimentos, pensamentos e comportamentos) do organismo. O coping, por sua vez, especifica o comportamento do organismo diante de fatores estressantes. Independentemente de como se conceituam os processos de avaliação da situação estressante e coping, o importante é que ambos influenciam na adaptação do sujeito, tendo em vista que o objetivo é diminuir a probabilidade da situação estressante causar algum prejuízo e/ou redução das reações emocionais negativas.
Diante dos argumentos expostos, é possível apreender que as estratégias de enfrentamento (coping) utilizadas pelo adolescente, diante do diagnóstico do câncer, estão relacionadas ao fato de concentrar esforços para solucionar o problema do câncer, pedir ajuda e conselhos aos familiares, ter autocontrole procurando manter-se calmo diante da situação, buscando estratégias de distração, conversar com outras pessoas, tentar esquecer o problema, pensar em coisas que o façam sentir-se melhor.